O coletivo Mulheres de Pedra desenvolve suas atividades no bairro de Pedra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), que conta com uma população de cerca de dez mil habitantes, em uma área de 363,69 hectares. Está situado no litoral da Baía de Sepetiba, uma antiga aldeia de pescadores; há algum tempo, essa região tem sido fortemente agredida pela poluição e pelo assoreamento que prejudicam a pesca artesanal. Além disso, a população tem pouco acesso a bens culturais.
O bairro possui a Área de Proteção Ambiental das Brisas (Mata do Casqueiro) com elementos característicos de manguezais, restinga e mata atlântica, porém, após a reforma da Praia da Brisa, houve crescimento populacional desordenado, que, juntamente com a poluição da baía, foi impactando a comunidade. A região, que tinha desenvolvimento de atividade pecuária com características pacatas, foi se tornando, aos poucos, uma região precária: realidade na qual pescadores e profissões derivadas da pesca vão desaparecendo.
Nesse cenário, há mais de dez anos, surge a iniciativa da Coletiva Mulheres de Pedra como resistência à degradação socioambiental e à falta de serviços culturais e educativos destinados à comunidade de Pedra de Guaratiba. A iniciativa nasceu a partir de Dora Romana, artista plástica póstuma, e a ela se uniram diferentes mulheres que somaram forças e energias para desenvolver lutas através do entrelaçamento entre o artístico, o social, o ambiental e o político. Hoje, a coletiva tem como seu principal objetivo fortalecer o protagonismo das mulheres negras na construção de outros mundos possíveis, através da arte, da educação, da economia solidária e da diversidade cultural.
A coletiva mantém, há onze anos, o “Atelier Massas com Artes” , um espaço aberto à cultura e à arte que abriga os encontros de Mulheres de Pedra, eventos, cursos e oficinas, shows e exposições, assim como a costura com compromisso socioambiental. Quem dá vida a esse projeto são artistas plásticas, teatrólogas, professoras, cantoras, artesãs, donas de casa, costureiras, paisagistas e cozinheiras de Pedra de Guaratiba.
Elas costuraram no tempo através de diversas atividades narrativas e práticas que materializam suas ideias e visões de mundo.
