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Prainha do Canto Verde

A Prainha do Canto Verde é uma comunidade costeira em que a pesca artesanal se destaca. Localizada no distrito de Paripueira, no município de Beberibe, litoral leste do Ceará, possui uma área de 749 hectares, tendo cinco quilômetros de extensão de praia. 

Sua ocupação territorial inicia-se em 1860 e, atualmente, a comunidade é formada por cerca de 1300 habitantes, de 310 famílias, com boa infraestrutura social: posto de saúde, escola municipal, centro comunitário e acesso, via estrada asfaltada, com transporte de ônibus a seis quilômetros da localidade.

Sua história é marcada por lutas em defesa do território. Em 1970, os primeiros especuladores de terra surgiram querendo explorar o lugar para o turismo de massa baseado em condomínios e resorts. A comunidade iniciou uma disputa judicial que durou 21 anos, e, em 2006, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) julgou o caso a favor da comunidade.  

Na década de 1990, além do conflito territorial, a comunidade viveu uma crise: o abandono do governo e falta de fiscalização nas águas geraram escassez da lagosta devido às práticas de pesca predatória; em resposta a isso, quatro moradores realizaram uma ato simbólico para visibilizar os “povos do mar” e fizeram uma viagem-protesto de jangada, com duração de 74 dias, até o Rio de Janeiro, reproduzindo a saga de Chico da Matilde, o Dragão do Mar. 

A Prainha, desde os anos 2000, teve ação destacada na educação, uma escola profundamente vinculada ao modo de vida de uma comunidade tradicional costeira. Uma educação contextualizada que suplantava os muros da escola e era vivenciada junto à comunidade através do coral infantil da Prainha do Canto Verde, da educação ambiental e da dimensão lúdica. 

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Em 2009, foi instituída como Reserva Extrativista – Resex, resultado de um processo iniciado em 2001, e, em 2010, foi criado o Conselho Deliberativo da Resex, presidido pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio) e composto por dez grupos da comunidade e nove parceiros externos. O Conselho responde pela deliberação de regulamentos para o uso sustentável da Resex e os grupos da comunidade têm maioria nas votações asseguradas por lei. 

Apesar da Resex, a terra não foi oficialmente concedida para uso comunitário, e ainda existem conflitos com um empresário do setor de escolas privadas que reivindica posse de metade das terras. Um grupo local se aliou a esse empresário e fundaram uma associação que tenta inviabilizar a Resex. 

Atualmente, a comunidade sofre o impacto das eólicas continentais na proximidade da Resex e a planificação de parques eólicos marinhos que ameaçam as áreas de atuação da pesca artesanal e a biodiversidade marinha.

A pesca artesanal é a principal atividade econômica e de relevância sociocultural. São desenvolvidas ainda a agricultura, o artesanato e pequenos comércios. Desde 1998, a Prainha iniciou o turismo de base comunitária, recebendo vários prêmios internacionais pela iniciativa e participando da composição da Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum). 

Enquanto comunidade organizada, os desafios surgidos, ao longo dos anos, têm sido enfrentados com resistência e a presença forte de homens e mulheres de luta com a mobilização da juventude. 

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