A Articulação de Mulheres Pescadoras é um grupo que envolve mulheres pescadoras dos dois principais territórios costeiros impactados pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS): Cabo de Santo Agostinho (PE) e Ipojuca (PE). Esses municípios estão inseridos na área de Bacias de Pequenos Rios Litorâneos, estando na bacia dos rios Jaboatão, Pirapama, Ipojuca, Gurjaú, Araribá, entre outros e possuem mais de quinze praias e áreas de mangue.
A característica do grupo é a movimentação em torno da atividade Produtiva profissional e econômica da pesca, sendo composto, em sua maioria, por pescadoras de mariscos e crustáceos, assim como atores estratégicos que apoiam o movimento de mulheres pescadoras dentro do perímetro de atuação e/ou impacto de Suape e de grandes hotéis. A maioria dessas mulheres são negras e mães, que também sofrem com as relações de poder patriarcal e divisão sexual do trabalho, com uma sobrecarga de trabalho, sendo responsáveis pelo trabalho reprodutivo e pelos cuidados das famílias. Essas características fazem com que essas mulheres sejam invisibilizadas. As mesmas, em sua maioria, não têm acesso às colônias de pescadores e à carteira de pesca, representando apenas 24,35% do registro geral da pesca.
As pescadoras vivem, sobretudo, na região costeira, onde construíram culturalmente a dinâmica econômica alicerçada na pesca e seus modos de vida. Assim, o mar, os rios e os mangues são ambientes de trabalho das pescadoras artesanais. Na atividade produtiva pesqueira, as mulheres atuam tanto na captura de espécies como em atividades de processamento do pescado, isto é, de beneficiamento, de preparo e de conservação dos instrumentos de pesca.
A implantação do Complexo Industrial e Portuário de Suape resultou em cerca de quinhentos hectares de mangue desmatado, atingindo, sobretudo, a pesca das mulheres, que envolve o trabalho remunerado e não remunerado para autoconsumo familiar, gerando, além de impactos financeiros, insegurança alimentar.
Além dos impactos enfrentados pelo CIPS, há um alto impacto na região relacionado ao turismo de massa que altera significativamente a dinâmica de urbanização com efeitos nos preços e no comércio local, na poluição das águas e no aumento da violência.
Articulação de Mulheres Pescadoras
A cada resort e hotel que se constrói, desmata e aumenta poluição. Muitos resíduos foram bater no mangue e nos rios com a construção do Porto e dos hotéis, e diminuiu os peixes e crustáceos. Antes éramos ricos, hoje tem bem menos. No mangue de Maracaípe apareceu umas manchas de resíduos, então a pesca de guaiamum e aratu está fraca; o siri sumiu por conta da poluição do rio porque ele vive sempre na água. Resíduos das empresas, de Suape e dos resorts, que têm seus esgotos para dentro do mangue. – L.S.S., mulher e moradora de Maracaípe, em 15 de março de 2022.
A articulação de mulheres pescadoras é um grupo caracterizado pela sua atividade produtiva: a pesca artesanal. As trabalhadoras das águas, como também são conhecidas, têm enquanto principal atividade de subsistência a pesca artesanal, uma atividade que sempre teve uma relevância entre as práticas extrativistas do Brasil, presente desde o Brasil colônia e ainda anteriormente, nas práticas das populações indígenas e tradicionais. As pescadoras vivem sobretudo na região costeira, onde construíram cultura e dinâmica econômica alicerçada na pesca. Assim, o mar, os rios e mangues são os lugares típicos de trabalho dos pescadores e pescadoras artesanais. O trabalho que as mulheres desenvolvem na pesca envolve tanto o trabalho remunerado quanto o trabalho não remunerado. Este último abrange atividades para o autoconsumo familiar e o trabalho doméstico, considerado como trabalho reprodutivo. Na atividade pesqueira produtiva, as mulheres atuam tanto na captura de espécies como em atividades de processamento do pescado, isto é, de beneficiamento, de preparo e de conservação dos instrumentos de pesca.
A articulação envolve mulheres pescadoras dos dois principais territórios impactados pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS), Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, municípios costeiros que contabilizam mais de 15 praias e áreas de mangue. Além disso, ambos os municípios estão inseridos na área de Bacias de Pequenos Rios Litorâneos, estando na bacia dos rios Jaboatão, Pirapama, Ipojuca, Gurjaú, Araribá, entre outros.
A articulação de mulheres pescadoras reflete, em sua maioria, pescadoras de mariscos e crustáceos e atores estratégicos que apoiam o movimento de mulheres pescadoras, que vivem em áreas próximas aos estuários que estão dentro do perímetro de atuação e/ou impacto de Suape e de grandes hotéis. São maioritariamente mulheres negras e mães que se ocupam também do trabalho reprodutivo na comunidade pesqueira e de suas famílias e sofrem com as relações de poder patriarcal. Nesse sentido, são invisibilizadas e não conseguem acessar as colônias de pescadores e a carteira de pesca, de modo que representam apenas 24,35% do registro geral da pesca.