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Caetanos de Cima

Na década de 1980, a praia de Caetanos foi dividida em dois núcleos: Caetanos de Baixo e Caetanos de Cima. Em Caetanos de Cima, está localizado o assentamento Sabiaguaba, criado e incorporado à Amontada (CE) em 1988.  A 170 km de Fortaleza, tem cerca de trezentas pessoas de 79 famílias. É uma comunidade cuja origem está relacionada com a migração de populações do semiárido em direção ao mar e seu encontro com indígenas da etnia Tremembé que, no passado, habitavam todo o território do Assentamento Sabiaguaba.

Constituída por pescadores e pescadoras artesanais e agricultores tradicionais campesinos, a comunidade tem enfrentado diversos conflitos que vêm se arrastando desde antes da constituição do assentanto e da associação.

Entre esses conflitos estão: a especulação imobiliária, que desencandeou a  busca pela desapropriação do Projeto de Assentamento Sabiaguaba, por especuladores e posseiros; esses conflitos tem se intensificado com cercamentos, ocupação e vendas irregulares de terra de área da União e de Proteção Permanente, como as áreas de dunas; a implantação de parques eólicos próximo ao assentamento; e o conflito pelo uso da água de uma lagoa que, por conta da instalação das torres e remoção de sedimentos, reduziu sua capacidade; práticas relacionadas ao turismo de massa, que destroem as dunas e poluem as lagoas; a reivindicação de parte do território por uma comunidade vizinha tem gerado instabilidade, dado um impasse da atualização da documentação dos assentados, com as novas configurações de famílias e nascimentos pelo INCRA.

No que se refere às atividades econômicas, Caetanos de Cima vive com seus sistemas produtivos integrados, além da pesca artesanal e da agricultura camponesa, o turismo comunitário e as manifestações culturais, como capoeira, música, côco, quadrilha, teatro, dramas populares e audiovisual. A agricultura, com quintais produtivos, é responsável por 61% da renda comunitária, porém, os comunitários enfrentam dificuldades com os atravessadores, que, por vezes, enganam os agricultores; a pesca é a segunda atividade econômica mais importante, representando 30% de toda a produção comercializada. Além da pesca no mar, existem quinze tanques de criação de peixes nos quintais, a maioria sob cuidados das mulheres e funcionando como uma extensão dos quintais produtivos.  O artesanato, além de responsável por 9% da renda local, contribui no destaque de Caetanos como celeiro cultural. O bordado e a tecelagem, junto com a musicalidade tradicional, mantêm vivas as memórias comunitárias. 

O turismo comunitário é complementar às atividades produtivas tradicionais desenvolvidas na comunidade de Caetanos de Cima, iniciada em 2008 e organizada pela Rede Tucum, mobilizando, de forma direta, aproximadamente, dez casas e oitenta pessoas.

A comunidade enfrenta dificuldades no acesso às políticas públicas, principalmente na educação e saúde. Em fevereiro de 2022, foi inalgurada a escola de educação do campo que atende da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, mas o Ensino Médio e Superio demanda deslocamento dos/as jovens para adjacências; além disso, o Posto de Saúde tem muitas limitações no funcionamento com limites às práticas de vacinação e procedimentos de emergência, ressalte-se que situações de média e alta complexidade são atendidas no Hospital de Saúde de um município vizinho: Itapipoca (CE).

Caetanos de Cima tem uma boa organização comunitária, com grupos culturais, organização das mulheres, pescadores/pescadoras artesanais e juventudes que têm juntos tecido a resistência e a defesa dos seus modos de vida e do território!

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