Localizada no município do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, a cerca de quarenta quilômetros de Recife, a praia de Suape possui uma grande riqueza ecológica. Cercada pelos rios Massangana e Ipojuca, possui mangues, estuários e áreas verdes remanescentes da Mata Atlântica.
No primeiro século de colonização, abrigou um pequeno porto para embarque de açúcar, porém, durante mais de quatro séculos, sem grande participação do Cabo de Santo Agostinho na produção de açúcar, Suape foi apenas um espaço de passagem das balsas que desciam pelos rios para atingir o mar e chegar à Recife (PE). Com o desenvolvimento de outros meios de transporte, a pesca, para os que habitavam a região, foi assumindo lugar importante na economia local para pessoas que não tinham acesso a terras ou que já vinham da tradição familiar a piscicultura, sendo um espaço produtivo central e, em muitos casos, o único.
Até 1990, vários pescadores construíram suas casas e protegeram esse território da posse privada, porém, no período militar, em 1978, o governo de Pernambuco criou o Complexo Industrial e Portuário de Suape, desapropriando muitas propriedades rurais próximas ao empreendimento. Pouco mais de uma década depois, em 1989, o complexo aumentou suas instalações para receber supercargueiros. Para isso, aprofundou e alargou o rio Ipojuca, que deixou de desaguar no pontal da praia de Suape. Consolidada em 1992 com mais de quinhentos hectares de mangue desmatado, a pesca, em Suape, foi praticamente inviabilizada pelos danos ambientais, principalmente para as mulheres, que eram as que mais realizavam a prática da mariscagem.
Atualmente, a população que permanece no local vive as consequências socioambientais do empreendimento, com o desaparecimento da pesca, os modos tradicionais de vida esgotados, o empobrecimento das pessoas, a poluição e o aumento da violência e da criminalidade.
