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Engenho Tiriri

O Engenho Tiriri está localizado no município do Cabo de Santo Agostinho (PE), à margem sul do Rio Tabatinga ou Rio Massangana, como é conhecido pelos moradores. Habitado por trezentas famílias em média, na década de 1960, o titulo das terras foi passado para a Cooperativa Agrícola Tiriri, que deveria promover a demarcação e a distribuição dos lotes rurais entre os cooperados, no entanto, com uma fraude violadora dos princípios da Administração Pública e os direitos das famílias cooperadas, a diretoria da Cooperativa vendeu as terras para a empresa Suape no ano de 1981. A partir disso, com intensificação desde o ano de 2000, a empresa passou a fazer a remoção forçada de centenas de famílias com ações de reintegração de posse na Justiça, o que pressionou diversas famílias a abandonar suas terras em troca de uma indenização baixíssima. 

A comunidade, embora não tenha realizado um trabalho de autorreconhecimento como comunidade tradicional, é predominantemente negra e possui relação ancestral com o território, com consanguinidade entre habitantes e práticas culturais extremamente imbricadas com os bens naturais, sendo a pesca artesanal estuarina  e a agricultura de subsistência suas atividades prioritárias, assim como a coleta de frutas, que se constituem como atividades fortes entre as famílias residentes. O Engenho Tiriri foi definido como Zona de Preservação Ecológica (ZPEC), no Plano de Zoneamento do CIPS, que utiliza esse pretexto para retirar as famílias do local, como se a presença delas fosse incompatível com a preservação da vegetação nativa. 

Na remoção das pessoas, muitas famílias saíram sem qualquer política compensatória de reassentamento, outras foram realocadas em um conjunto habitacional urbano, provocando a ruptura em relação aos modos de vida tradicionais com impactos na segurança alimentar. 

As famílias que permanecem na área convivem, atualmente, com danos ambientais da operação do Complexo Industrial Portuário, como o desmatamento do mangue – embora seja considerado preservado se comparado aos manguezais do território afetado pelo CIPS – e a poluição das águas pelo despejo de esgoto e efluentes industriais no rio. A comunidade lida ainda com posturas autoritárias da empresa, que as proíbe de plantar culturas de ciclo permanente e de reformar ou construir novas casas, sofrendo destruição e furto, caso tentem realizar as reformas. Houve períodos em que a empresa marcava presença com homens armados no território. Há informações de que funcionários da empresa estimulam e permitem ocupações informais, que se multiplicam nos locais onde os antigos moradores foram para extorquir os novos habitantes da localidade.

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