Quilombo Ilha de Mercês

A comunidade está localizada no Engenho Mercês, município de Ipojuca (PE), e tem uma população de cerca de mil habitantes e trezentas famílias. Em 1992, o Governo do Estado de Pernambuco desapropriou uma antiga usina sucroalcooleira e transferiu a propriedade para a empresa pública Suape, que definiu esse território como zona industrial de acordo com o plano de desenvolvimento e zoneamento do CIPS. 

Foram instalados, no território, diversas indústrias, como a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima (RNEST) e a Petroquímica Suape (PQS);  para isso, ocorreu a remoção forçada de centenas de famílias, assim como acordos de indenização extremamente desvantajosos para as famílias que saíram. 

Os moradores que permaneceram, e que viviam essencialmente da pesca artesanal nos manguezais dos Rios Tatuoca e Ipojuca, bem como da agricultura de subsistência, tiveram seu modo de vida alterado e prejudicado pelas operações do Porto-Indústria e pelas posturas abusivas da empresa administradora, que circula no local por meio de seguranças armados, impedindo as famílias de plantarem culturas de ciclo permanente e de reformarem suas casas de taipa, destruindo qualquer benfeitoria feita pelas famílias.No ano de 2016, a comunidade obteve o Certificado da Fundação Cultural Palmares atestando seu autorreconhecimento enquanto quilombola. A partir daí, a comunidade conquistou a Recomendação Conjunta emitida por três órgãos: Ministérios Público Federal/Estadual (MPF E MPPE) e Defensoria Pública da União (DPU); essas instâncias determinaram que a empresa Suape parasse com novas incursões no território, o que vem, até então, garantindo relativa salvaguarda da comunidade contra as ações arbitrárias e violentas praticadas pela empresa.

Recentemente, a comunidade conquistou a reabertura parcial do rio Tatuoca que estava há quatorze anos irregularmente bloqueado, o que vinha acarretando a morte da vegetação de mangue e, consequentemente, prejuízos profundos à pesca artesanal e à soberania alimentar. Apesar disso, a empresa ainda tem planos de remoção da comunidade e instalação de novas indústrias no território, como usinas termelétricas movidas a gás natural.

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