A linda comunidade do Batoque está situada no município de Aquiraz, no litoral leste do Ceará, a 32km da capital. Em suas raízes, revela as tradições indígenas Potyguara e de etnias pertencentes ao tronco Tupi, como os Jenipapo-Kanindé, além de marcantes traços da cultura africana.
A população da comunidade da RESEX do Batoque vive da pesca, da agricultura, do turismo de barracas, além do turismo comunitário. A produção agrícola se alicerça em bases tradicionais, tendo como maior destaque a produção de castanha de caju, coco da baía e cana de açúcar; além do cultivo de frutíferas, como manga e mamão. As culturas de subsistência, como feijão, milho e mandioca, também se fazem presentes. O município conta com plantéis de criatório bovino, suíno e equino, mas é a produção avícola que ocupa primazia dentro do setor agropecuário. A atividade extrativa se resume à produção da cera da carnaúba e à extração de lenha, usada como fonte de geração de energia.
O conflito fundiário na região tem início quando parte da população nativa vende seus coqueiros em 1970 e, na década seguinte, especuladores surgem reivindicando a propriedade das terras, nascendo, assim, a luta comunitária pelo direito de permanecer no território. Houve, ainda, a ameaça da construção do Aquiraz Resort. Por volta de 2003, o Núcleo de Educação Ambiental do IBAMA (NEA/IBAMA) realizou um trabalho de apoio técnico e de informação comunitária e, a partir desse processo, criou-se a Reserva Extrativista do Batoque, uma Unidade de Conservação Federal de uso sustentável que garante o território à comunidade e reconhece que seu modo de vida e cultura asseguram o uso sustentável dos recursos naturais.
Fazendo contraste com a beleza natural marcante da extensa área de praia, se estabelecem paredões de som causadores de poluição sonora que dificultam o repouso de moradores e geram a necessidade do policiamento permanente, atualmente inexistente. A frente da praia, indefinida em sua titularidade, representa uma ameaça para a comunidade e a praia se torna suja, com depósito de lixo, o que termina por atrair roedores e outros vetores de adoecimento. A lagoa fica tomada pela vegetação.
Há necessidade ainda de fomento e foco em atividades culturais voltadas para a juventude, e a atenção ao resguardo da conservação da reserva e dos modos de vida ameaçados pela especulação imobiliária e ameaça de grilagem e demarcação irregular. A antiga associação de moradores teve sua sede Os impactos foram reduzidos em função da constituição da RESEX, mas houve uma parcial descaracterização que, para além dos moradores tradicionais, passou a contar com muitos veranistas. Hoje a responsabilidade de atuação é do ICMBio em consonância com as deliberações e acompanhamento do Conselho da RESEX.