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Tatajuba

Localizada a aproximadamente 325 km de Fortaleza, no litoral oeste do Ceará, no município de Camocim, a comunidade de Tatajuba tem uma população de cerca de 350 famílias e aproximadamente 1750 pessoas. A ocupação do território, pela memória que é transmitida oralmente pelos moradores, iniciou em 1902. Em 1978, após uma grande movimentação das areias das dunas, várias casas foram soterradas e esses moradores foram acolhidos nas quatro vilas preexistentes:  Tatajuba, Baixa da Tatajuba, Vila Nova, e Vila São Francisco.

Situa-se em uma extensão de terra coberta por dunas fixas e móveis, manguezais, e vasta vegetação nativa, encontra-se entre dois lagos, o Lago Grande e o Lago da Torta. O ambiente de grande riqueza histórica e ambiental é marcado pela presença de manguezais, campos de dunas, corpos d’água e vários sítios arqueológicos. 

A população agrupada é dividida em três associações, sendo que duas têm conflito com uma delas devido a dissensos relacionados à posse da terra. Com a alegação de um empresário da propriedade de cerca 5.275 hectares os moradores se dividiram quanto a ideia de benefícios e malefícios de implantação de um empreendimento turístico, sobretudo pelo alto investimento desse empresário em contratação de pessoas e apoios a atividades das associações e compra de imóveis de parte famílias somando grande parte desse território. Somado a isso, a venda de terrenos para visitantes e turistas estrangeiros aumentou muito nos últimos anos, e com isso o aumento do turismo de massa e a ameaça de instalação de usinas eólicas.  Esse modelo econômico crescente continua violando leis e se apropriando irregularmente dos territórios contando com a inatividade da justiça nos licenciamentos ambientais no Estado. 

Dentre os principais conflitos e ameaças estão: especulação imobiliária com contratos irregulares de compra e venda, ameaças de morte, agressão e criminalização das lideranças, avanço do crime organizado, incluindo venda de terra e aprofundamento dos conflitos internos entre comunitários patrocinado por setores privados e privatistas; 

A maior parte da população local vive do turismo de massa, mas a pesca artesanal segue sendo uma atividade relevante para os modos de vida e a geração de renda, ainda estão no escopo das atividades econômicas a agricultura, o funcionarismo público e o turismo comunitário.

Quanto ao acesso aos direitos, a comunidade tem escolas de educação infantil, fundamental e médio. Há um posto de saúde com equipe de PSF, mas enfrenta problemas de falta de medicação e de transportes para pacientes. O acesso à vila não é bom, falta saneamento adequado. Há um crescimento populacional nos últimos anos e falta policiamento. 

O território sofreu perdas irreparáveis devido à luta contra a especulação imobiliária, ocasionando grande divisão interna e a perda de espaços geracionais, naturais e cênicos. A maioria dos nativos se renderam ao capital fácil adquirido através da venda ilegal das terras, ficando apenas um grupo muito pequeno resistindo e defendendo o território com os poucos mecanismos que restam. Esse grupo é da ACOMOTA – Associação Comunitária dos Moradores de Tatajuba

Entre os conflitos e as belezas locais, parte da comunidade ainda resiste na defesa de seu território e pelo uso sustentável dos recursos naturais. 

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